domingo, 16 novembro,2025
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Protocolos de higiene e limpeza em hotéis pós-COVID: o novo padrão de cuidado e a percepção do “afrouxamento”

*Artigo assinado por Jeferson Munhoz, CEO da Escola para Resultados e sócio-diretor da HotelCare, operadora multimarca hoteleira*

A pandemia de COVID-19 impôs uma revolução silenciosa, mas profunda, nos protocolos de higiene e limpeza em hotéis. O que antes era uma prática discreta e de bastidores, emergiu como um fator crítico de decisão para o hóspede. Com a finalização da emergência sanitária global, a pergunta que persiste é: as medidas afrouxaram ou o setor incorporou um novo e mais rigoroso padrão de limpeza?

A análise de relatórios e tendências nacionais e internacionais, com o apoio de estudos acadêmicos e exemplos corporativos, aponta para uma consolidação das práticas mais eficazes, embora com uma modulação na comunicação e na visibilidade de certos procedimentos.

A perspectiva acadêmica: higiene como valor inegociável

Foto de rosto de Jeferson Munhoz, sorrindo, em um fundo cinza escuro. Ele veste um terno azul-marinho e uma camisa social branca.
Neste artigo exclusivo, Jeferson Munhoz, CEO da Escola para Resultados, explica por que os protocolos de higiene e limpeza em hotéis que surgiram em meio à pandemia vieram para ficar | Crédito: Freepik

Para os especialistas em hotelaria e turismo, a higiene transcendeu a categoria de “operação básica” para se tornar um pilar da segurança e da confiança do consumidor.

Dennis L. Foster, renomado estudioso do setor, resume a transformação ao mencionar que a indústria de hospedagem e restaurantes é o “resultado da evolução social e cultural de muitos séculos”. A pandemia representou uma aceleração drástica dessa evolução, redefinindo o que constitui um serviço de qualidade.

Em estudos pós-pandemia, como o “Percepción de seguridad sanitaria de clientes en hoteles en la etapa post-Covid-19“, fica claro que limpeza e higiene são percebidas como fatores-chave na segurança sanitária dos turistas. A percepção da qualidade de limpeza dos quartos é altamente positiva, reforçando que os hotéis mantiveram e aprimoraram esses padrões.

O que mudou e o que permaneceu nos protocolos de higiene e limpeza em hotéis

No auge da pandemia, os níveis de limpeza e higiene em hotéis eram um espetáculo. Hoje, a tendência é a integração desses protocolos na rotina operacional, tornando-os menos ostensivos, mas estruturalmente mais sólidos.

1. Foco na desinfecção de alto nível e tecnologia

Permaneceu/aprofundou: a limpeza não se limita mais ao aspecto visual. A ênfase mudou permanentemente para a desinfecção de superfícies de alto toque (maçanetas, controles remotos, interruptores).

  • Tecnologia: observa-se um aumento no uso de tecnologias especializadas, como pulverizadores eletrostáticos com desinfetante para a higienização de ambientes e a adoção de sistemas de limpeza do ar aprimorados, como a pulverização de filtros de ar-condicionado.
  • Exemplo internacional: a rede Hilton criou o programa CleanStay, que incluía o lacramento do quarto com um selo de inspeção após a limpeza, garantindo ao hóspede que ninguém havia entrado após a desinfecção. Apesar de a comunicação do selo ter diminuído, o rigor do processo interno permanece.

2. Higiene pessoal e treinamento do staff

Uma funcionária de hotel, em plano médio, sorrindo e com as mãos na cintura. Ela veste um uniforme impecável, com camisa de listras finas em cinza e branco e um avental branco. A imagem representa a importância da limpeza inclusive no que se refere à uniformização dos funcionários.
Hoje, apresentar uma limpeza impecável em todos os aspectos, das instalações à uniformização dos funcionários, é pré-requisito para uma experiência satisfatória do cliente | Crédito: Freepik

Permaneceu/institucionalizou-se: a rigorosa higiene das mãos para a equipe e a manutenção de um protocolo claro para a troca e higienização dos uniformes tornaram-se práticas operacionais padrão (POP). Ao mesmo tempo, o treinamento das governantas sobre o uso correto de desinfetantes de nível hospitalar é um legado permanente da crise.

3. Experiência sem contato (touchless) e digitalização

Transformação permanente: a redução do contato físico é uma herança consolidada. Processos de check-in/checkout digitais ou móveis (usando QR Code ou link) não apenas aceleram o atendimento, mas reduzem a interação no lobby.

  • Exemplo nacional (redes brasileiras): muitos hotéis, como os do Grupo Carmel, no Ceará, intensificaram a higienização de itens como chaves e controles remotos a cada uso, além de implementarem uma frequência rigorosa de higienização de áreas comuns a cada hora.
  • Exemplo internacional: a rede Marriott investiu na digitalização de seus serviços e na retirada de itens de papel dos quartos (como menus e guias), substituindo-os por opções digitais, minimizando superfícies de contato.

4. Mudanças em alimentos e bebidas (A&B)

Modulação (menos ostensivo, mais seguro): o buffet tradicional sofreu transformação com maior ênfase na limpeza e desinfecção de superfícies após cada serviço e na maior oferta de porções individuais e embaladas.

  • Conforme recomendado em protocolos internacionais, deve-se evitar que hóspedes manuseiem os alimentos diretamente, o que forçou a revisão do autosserviço e a frequência maior de troca de utensílios.

A questão do afrouxamento: percepção vs. realidade

Um funcionário de hotel ou restaurante, vestindo luvas azuis, aplica um spray desinfetante e limpa vigorosamente uma mesa de madeira. A imagem foca na desinfecção de superfícies como parte dos protocolos de higiene.
A desinfecção de superfícies é uma das maneiras mais eficientes de prezar pela saúde e pelo bem-estar de todos, especialmente em lugares com alto fluxo de visitantes, como meios de hospedagem | Crédito: Freepik

É natural que, com a queda da sensação de urgência, a comunicação sobre os protocolos de higiene e limpeza em hotéis tenha se tornado menos agressiva.

“A higiene se estabeleceu como um pré-requisito de confiança. Um hotel não pode mais ser percebido como ‘suficientemente limpo’; ele deve ser visto como ‘impecavelmente seguro’ para competir.” — Insight baseado em análises de tendências pós-pandemia em escolas como Cornell e EHL (Lausanne).

O que a hotelaria compreendeu é que a limpeza se tornou um valor de marca, não uma promoção temporária. O hóspede de hoje espera o alto nível de higiene, o que exige que os hotéis mantenham:

  • produtos químicos de alta performance: utilização contínua de desinfetantes de nível hospitalar;
  • gestão da qualidade: a incorporação dos protocolos rigorosos de higiene na gestão da qualidade e na otimização de processos, conforme descrito em estudos sobre hotelaria hospitalar e turística.

Em suma, a limpeza e a desinfecção em hotéis não “afrouxaram” no sentido de retornarem aos padrões pré-2020. O setor integrou, digitalizou e profissionalizou as práticas de higiene. O hóspede pode ver menos sinais e menos acrílico na recepção, mas a expectativa e o investimento em um ambiente sanitariamente seguro se estabeleceram como o novo piso de qualidade da experiência hoteleira. O que antes era diferencial, agora é o mínimo exigido.

Para continuar aprendendo

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Bruna Dinardi
Author: Bruna Dinardi