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Burnout na hotelaria: 5 formas de manter a equipe motivada

Quase 60 milhões de brasileiros planejavam viajar a lazer entre dezembro de 2024 e fevereiro deste ano. Notícia excelente para o turismo – sobretudo porque a maioria optou por destinos de praia nacionais –, mas esse boom pode vir com um preço: o aumento do burnout na hotelaria.

Não é difícil de entender o porquê. Além de demandar qualidade elevada em todos os pontos do atendimento ao cliente, o que por si só já é algo desgastante, as longas jornadas de trabalho, somadas ao fato de que um hotel nunca para – e inclusive recebe mais gente em épocas de férias e feriados, como a pesquisa do Ministério do Turismo comprova –, acentuam o cansaço emocional e físico dos funcionários. E é esse cansaço acumulado que abre as portas para que o burnout na hotelaria ganhe proporções cada vez maiores.

Como saber se a equipe apresenta sintomas de burnout?

É dever de todo gestor mensurar as entregas de sua equipe, é claro. Porém, os melhores líderes são aqueles que conseguem enxergar cada pessoa individualmente, reconhecendo ali mais do que um funcionário, mas sim alguém de carne e osso, com dias bons e dias ruins. Essa mudança de postura não só torna o ambiente de trabalho mais saudável, como ainda facilita a identificação dos sintomas de burnout na hotelaria (e em qualquer outro setor, cabe salientar).

O principal deles é a fadiga crônica. Um esgotamento tão grande – físico, mental e emocional – que faz a produtividade despencar, já que a pessoa não se sente com energia suficiente para desempenhar suas funções. Com a capacidade de concentração e de raciocínio afetada, surgem, por exemplo, oscilações no humor, dores de cabeça, insônia, tensão, alterações no apetite e baixa autoestima, com o indivíduo questionando sua capacidade de fazer boas entregas. Ao mesmo tempo, há relatos de pessoas que enfrentaram (e enfrentam) crises de choro, dores no peito e tontura.

Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha incluído a síndrome de burnout na lista de doenças ocupacionais em 2022 – o que quer dizer que ela foi “oficialmente” relacionada às atividades de trabalho –, o assunto ainda é tabu em inúmeras empresas. Como consequência, muita gente tem medo de apresentar o diagnóstico, o que pode agravar o quadro de estresse.

Aqui vai um dado preocupante: o Brasil ocupa a segunda posição na lista de países com mais casos de burnout, com mais ou menos 30% da população ativa profissionalmente afetada pela síndrome. Ou seja, é preciso rever o quanto antes toda a cultura organizacional para que o burnout na hotelaria não encontre espaço para crescer.

5 iniciativas para evitar o burnout na hotelaria

1. Reveja escalas e turnos de trabalho

Garantir o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal dos funcionários, oferecendo flexibilidade sempre que possível, é um jeito simples de contornar o burnout na hotelaria | Crédito: Freepik
Garantir o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal dos funcionários, oferecendo flexibilidade sempre que possível, é um jeito simples de contornar o burnout na hotelaria | Crédito: Freepik

A gente sabe que a hotelaria é um setor dinâmico e que quanto mais disponibilidade de serviços e de atendimento os hóspedes encontrarem, melhor. Sendo assim, como é inevitável contar com um time que esteja sempre presente, o mais indicado é instaurar rodízio de turnos. Não dá para sempre a mesma pessoa cobrir feriados e finais de semana ou ficar no período da madrugada, né? O revezamento da equipe faz toda a diferença para a saúde física e mental.

Além disso, considere aderir à flexibilidade, permitindo que os colaboradores troquem turnos e tenham mais autonomia no que diz respeito aos seus próprios horários. Ajuda bastante se houver uma previsibilidade nas escalas, sim, mas todo mundo tem imprevistos, e parte do plano para erradicar o burnout na hotelaria é assegurar que os funcionários consigam conciliar o trabalho com sua vida pessoal.

2. Respeite o período de descanso

De acordo com as leis trabalhistas, entre uma jornada de trabalho e outra deve haver um intervalo de pelo menos 11 horas. Tem até um nome para isso: intervalo interjornada. Há exceções à regra, mas faça todo o possível para respeitar esse período de descanso, tão essencial para o combate ao estresse e, portanto, para que o nível de desempenho das atividades permaneça lá no alto. Isso inclui não levar demandas do dia a dia enquanto o time estiver de folga ou de férias.

3. Foque no bem-estar dos colaboradores – mas faça isso genuinamente

O burnout na hotelaria caminha de mãos dadas com o estresse. Por isso, vale a pena adotar medidas que deixem o ambiente de trabalho mais leve, quebrando a tensão que uma rotina muito puxada geralmente impõe.

Uma das formas mais simples de atingir esse objetivo é construindo um relacionamento transparente, com os gestores mantendo-se abertos de verdade a feedbacks e a desabafos. Ouvir o que as pessoas têm a dizer, e efetivamente tomar medidas para resolver um problema, faz com que elas se sintam valorizadas e acolhidas. Ter um time com medo de expressar sua opinião ou de manifestar alguma preocupação por receio de represálias não é saudável para ninguém, muito menos para os resultados que um hotel espera obter.

Outra dica é incentivar pequenas pausas durante o expediente, seja para um café, jogar conversa fora ou tirar uma soneca em algum espaço de descanso que tenha justamente essa finalidade. Fora isso, é sempre bacana quando a empresa oferece atividades voltadas ao bem-estar, como ginástica laboral, sessões de terapia ou mesmo workshops dedicados ao gerenciamento do estresse.

Nem todo mundo gosta de confraternizações pós-expediente; no entanto, pequenos encontros entre a equipe no horário de trabalho, como almoços coletivos regulares, são uma ideia a ser considerada caso o intuito seja a integração do time.

4. Ofereça benefícios e incentivos

Reconheça o desempenho da equipe: profissionais motivados têm mais produtividade e menos chances de desenvolver burnout na hotelaria ou em qualquer outro setor | Crédito: Freepik
Reconheça o desempenho da equipe: profissionais motivados têm mais produtividade e menos chances de desenvolver burnout na hotelaria ou em qualquer outro setor | Crédito: Freepik

Uma remuneração adequada, condizente com as atividades e com o piso salarial, chama a atenção, disso não há dúvidas. Melhor ainda se ela vier com uma política de reajustes definida (afinal, ninguém merece salário “engessado”) e acompanhada de bons benefícios, como planos de saúde e suporte psicológico, vale-transporte, vale-alimentação, descontos em academias e auxílio-creche.

Entretanto, nem tudo é sobre dinheiro – e o burnout na hotelaria é prova disso, uma vez que a ausência da realização profissional pode contribuir para o surgimento da síndrome. Se boas entregas são uma constante no dia a dia, a empresa só tem a ganhar se implementar um programa de reconhecimento. Celebrar o desempenho acima da média – e dar o devido valor a isso, sem desmerecer o empenho do colaborador – é um dos caminhos para o engajamento. O elogio, quando vem de forma sincera, é um motivador e tanto, sobretudo se for feito publicamente.

A recompensa fica a critério da empresa, mas folgas extras, bônus, brindes e benefícios exclusivos (como ingressos para shows, almoço ou jantar em um restaurante prestigiado ou um final de semana em um resort) costumam ser boas pedidas.

5. Mostre que a pessoa tem para onde crescer

Quando há uma meta a ser perseguida, como sentar-se em uma cadeira de gerente, coordenador ou mesmo diretor, por exemplo, o compromisso dos funcionários tende a crescer. E, se há motivação, a entrega geralmente ganha em qualidade. Logo, uma das principais inimigas da produtividade é a estagnação profissional. Esse cenário bate de frente com aquele que é um dos “antídotos” para o burnout na hotelaria: transformar o ambiente corporativo em um lugar em que as pessoas vejam sentido em estar.

O segredo é ter um plano de desenvolvimento profissional bem desenhado, de modo que os colaboradores saibam o que é preciso fazer para crescer ali dentro. Existem critérios comportamentais e/ou técnicos para o cargo em questão? Tempo de casa é fator decisivo? É preciso saber outros idiomas? Essas informações devem estar acessíveis a quem quiser e devem ser compartilhadas de forma clara. Caso contrário, corre-se o risco de desencadear aquela sensação de nadar, nadar e não sair da praia, o que pode se tornar um empurrão em direção ao burnout na hotelaria.

E tem mais: o ideal é que a empresa forneça os recursos – senão todos, pelo menos parte deles – para que os colaboradores se sintam confiantes em abraçar novas responsabilidades. Isso significa promover treinamentos regularmente, estimular a obtenção de certificações específicas, realizar simulações de situações reais e oferecer mentoria e feedbacks. Outra iniciativa interessante é firmar parcerias com universidades e outras instituições de ensino, a fim de que os colaboradores consigam bolsas de estudo ou descontos em cursos. O que importa é incentivar a capacitação contínua e mostrar que o que é aprendido pode ser aplicado ali dentro.

O burnout na hotelaria não é apenas um desafio individual, mas um reflexo da cultura organizacional. O que você tem feito para garantir que sua equipe tenha equilíbrio, reconhecimento e oportunidades de crescimento? Deixe seu comentário!

Bruna Dinardi
Author: Bruna Dinardi

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