O comportamento do consumidor não é estático – e suas nuances causam um impacto profundo em diversos setores. Veja só as tendências em Alimentos e Bebidas que vêm sendo observadas nos últimos anos: o crescimento acentuado do delivery, a exigência maior com padrões de segurança alimentar, o olhar mais apurado quanto à ingestão de sódio e açúcar.
De acordo com um estudo recente do Sebrae, até 2027 o setor de A&B vai continuar sentindo os efeitos de um consumidor mais consciente – e mais consciente sob vários aspectos. Nesse cenário, tudo indica que as transformações no consumo vão girar em torno de três pontos essenciais: saúde, sustentabilidade e inovação.
Segundo o material divulgado pela entidade (e a gente recomenda muito a leitura!), esse movimento teria início ainda em 2025. Olhar para isso agora, às vésperas de entrar em 2026, é uma boa oportunidade para avaliar até que ponto as mudanças já começaram a aparecer no dia a dia de hotéis e pousadas ou se elas ainda estão longe de se tornarem realidade. E aí, vamos refletir sobre isso juntos?
Comportamento do consumidor como ponto de partida
De uma forma extremamente simplista, é possível resumir assim: o olhar do público está mais atento, mais curioso e, em muitos casos, mais criterioso. Essa postura influencia as decisões de compra e, consequentemente, as expectativas que vêm com elas, levando as pessoas a questionar mais, a comparar opções e a valorizar empresas cujo discurso condiz com a prática.
A palavra do momento parece ser “conscientização”. O consumidor se mostra mais consciente da própria saúde ao tentar reduzir excessos e fazer escolhas mais equilibradas. Fora isso, ao se tornar mais rigoroso em relação a temas como desperdício, origem dos ingredientes e práticas adotadas pelas empresas, ele dá sinais claros de consciência ambiental, ponderando com muito mais cuidado como suas escolhas interferem nesse processo.
Para coroar, ele ainda está mais exigente, avaliando com atenção crescente se o preço pago corresponde ao padrão de qualidade recebido. Na prática, isso significa que pequenas incoerências ficam mais visíveis – e o oposto também é verdadeiro: decisões bem alinhadas são percebidas com uma facilidade tremenda.
No contexto do A&B na hotelaria, esse comportamento se traduz em situações bastante concretas. Um café da manhã farto, mas pouco claro em relação aos ingredientes, pode gerar dúvidas em vez de encantamento. Por outro lado, um cardápio enxuto, mas bem explicado e coerente com a proposta do hotel, tende a transmitir mais segurança. E tem mais: equipes preparadas para responder a perguntas simples sobre preparo, origem ou composição dos pratos ganharam um peso totalmente novo na percepção do serviço.
Atualmente, a área de A&B diferencia-se não apenas pelo que tem a oferecer ao hóspede, mas pela forma como se posiciona, se comunica e se conecta ao perfil do cliente. Lembre-se: o consumidor não espera perfeição; espera intenção, clareza e consistência. Por isso, não vale a pena aderir a uma ou mais tendências simplesmente porque elas estão em alta, mas, sim, porque elas fazem sentido para o público atual e para o próprio negócio.
Alimentação saudável e os novos parâmetros de avaliação

Entre as tendências apontadas para o período entre 2025 e 2027, a alimentação saudável é um aspecto recorrente, associada a mudanças no comportamento do consumidor e ao avanço do debate sobre bem-estar. Tudo aponta para o fato de que essa não é uma moda passageira: é um desdobramento de escolhas cada vez mais conscientes – olha a palavra aí de novo! – e de uma relação mais atenta com aquilo que se consome.
Essa preocupação está atrelada à redução de ultraprocessados, à valorização de ingredientes frescos, à diminuição do consumo de bebidas alcoólicas (sobretudo por parte da geração Z) e ao fortalecimento de um estilo de vida vegano, por exemplo. Diante disso, fica claro que o melhor caminho dificilmente será adotar um cardápio padrão. Pelo contrário: requer olhar para o público e para as suas necessidades para, então, decidir o que será feito, como, quando e por quê. Hoje em dia, só assim a excelência vem.
Expectativas relacionadas à alimentação saudável tendem a surgir nos momentos de maior contato com o hóspede, como o café da manhã, refeições rápidas ou serviços ligados a eventos. Não como uma cobrança explícita, mas como um critério discreto de avaliação, que influencia escolhas, comentários e comparações com experiências vividas fora do hotel. É nesse nível, muitas vezes extremamente sutil, que o tema começa a interferir na percepção de valor do A&B.
Sustentabilidade além do discurso: o peso das escolhas operacionais
Dentro das tendências em Alimentos e Bebidas, a sustentabilidade desponta como um alicerce fundamental. No A&B na hotelaria, ela pode aparecer diluída em pequenas decisões operacionais que, somadas, passam a influenciar custos, eficiência e percepção de valor. Inclusive, muitas dessas escolhas começam antes do serviço chegar ao hóspede.
Para citar um exemplo, consideremos a relação de um hotel com seus fornecedores. Para construir uma operação de A&B baseada em princípios genuinamente sustentáveis, é preciso considerar muito mais do que o preço em uma negociação: regularidade de entrega, procedência dos insumos, práticas de produção, capacidade de adaptação à demanda e até a proximidade logística devem entrar na conta. Pode parecer que não, mas tudo isso tem potencial para reduzir ou acentuar o impacto ambiental.
Não se trata, necessariamente, de optar por fornecedores “perfeitos”, mas de estabelecer parcerias mais alinhadas à realidade da operação e à proposta do hotel, reduzindo desperdícios, retrabalho e rupturas no serviço. Se quiser se aprofundar no assunto, abordamos exatamente esses pontos nos posts Sourcing sustentável: 4 critérios essenciais na seleção de fornecedores e Sustentabilidade na hotelaria: 3 estratégias para atrair os melhores fornecedores, portanto fica aqui a nossa dica de leitura.
A&B na hotelaria e o redesenho das prioridades

De modo geral, as tendências em Alimentos e Bebidas revelam um reposicionamento importante do setor. Atualmente, o A&B na hotelaria está cercado por expectativas que extrapolam (e muito!) o papel tradicional do serviço, influenciando a forma como o hotel se coloca no mercado, suas escolhas estratégicas e a experiência do hóspede.
O recorte apresentado pelo Sebrae ajuda a colocar essas transformações em perspectiva. O material apresenta uma série de movimentos graduais, que vão evoluindo à medida que o comportamento do consumidor progride. Incorporá-los à operação dos meios de hospedagem não é algo que vai acontecer de uma hora para outra: vai exigir tempo, leitura de cenário, testes e uma porção de decisões. Reconhecer esse ritmo é o que permite que o empreendimento não fique para trás – e nem que avance aos trancos e barrancos, com decisões súbitas e pouco planejadas.
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