Ao contrário de outras áreas em que o trabalho remoto consegue suprir parte da demanda, nos hotéis nada acontece sem gente no local. Recepcionistas, camareiras, garçons, cozinheiros, técnicos de manutenção… simplesmente não tem como manter a operação em dia sem toda essa equipe lá, ao vivo e em cores. Não à toa, faltas e atrasos no trabalho estão entre as grandes dores de cabeça para gestores e profissionais de Recursos Humanos que atuam no setor.
Na tentativa de minimizar esses problemas, o caminho mais tradicional aponta para advertências e punições, como uma forma de ressaltar a importância da disciplina e do comprometimento de cada um. No entanto, esse olhar simplista e raso pode camuflar questões mais profundas – estruturais, organizacionais e culturais até –, as quais vão continuar se repetindo se forem ignoradas.
Sabe o que isso quer dizer? Em vez de focar única e exclusivamente na cobrança por “vestir a camisa da empresa”, o RH na hotelaria precisa aprender a ler o que está por trás do absenteísmo e utilizar esses dados como base para melhorar processos, lideranças e a própria cultura corporativa.
5 pontos que podem explicar faltas e atrasos no trabalho

A assiduidade no trabalho geralmente é acompanhada por meio de softwares ou planilhas, ferramentas que permitem aos gestores mensurar a proporção de faltas e atrasos em relação à quantidade de dias trabalhados. Porém, analisar os números friamente, sem levar em consideração qualquer outro contexto, é como ouvir apenas um lado da história. Não parece muito justo, né?
Afinal, esses deslizes podem ser motivados por aspectos que nem sempre estão sob o controle do funcionário – ou, se estão, podem descortinar situações mais sérias, como falhas graves de gestão e prejuízos à saúde mental da equipe.
Para ilustrar melhor, selecionamos cinco situações que podem explicar, pelo menos em partes, os baixos índices de pontualidade.
- Dificuldade com o transporte: nem todo mundo tem carro próprio ou pode se dar ao luxo de chamar um motorista por aplicativo para chegar mais depressa. Para uma parcela bem considerável da população, a opção é utilizar o transporte público. Embora a malha metroviária e de ônibus facilite as coisas, dependendo da localização do hotel pode ser necessário pegar um, dois, até três meios de transporte, o que torna o deslocamento mais complexo. Horários de pico e fluxo de pessoas também interferem na facilidade de embarcar e desembarcar, especialmente nos grandes centros urbanos.
- Escalas mal planejadas e jornadas exaustivas: se comparada a outras áreas, a hotelaria foge ao padrão quanto a escalas de trabalho, com turnos que podem chegar a 12 horas ou mais e a necessidade de atuar em feriados, aos finais de semana e durante as madrugadas. Sem um planejamento apropriado, que garanta aos funcionários tempo adequado de descanso e evite o excesso de horas extras, faltas e atrasos no trabalho acabam se tornando uma constante. Vale pontuar que estresse e fadiga extremos baixam a imunidade e, é claro, afetam a produtividade.
- Lideranças tóxicas: este é um ponto que requer atenção total do RH na hotelaria. Quando a gestão do empreendimento cai nas mãos de profissionais sem empatia, que usam a motivação baseada no medo e colocam os colaboradores em situações constrangedoras propositalmente, o ambiente corporativo se torna sufocante. Como consequência, o engajamento do time cai, a rotina se torna sem brilho e a falta de estímulo pode se refletir em uma folha de ponto muito longe do ideal.
- Burnout e problemas de saúde mental: a imprevisibilidade do dia a dia, a velocidade necessária para resolver problemas e o contato constante com o público, somado à tensão de ter que proporcionar a melhor experiência a todo momento, são fatores que tornam a hotelaria um setor de alta pressão. Encarar tudo isso diariamente (de preferência com um sorriso no rosto) é difícil. Se a empresa não der o devido suporte, beira o impossível, abrindo caminho para o burnout.
- Falta de reconhecimento: todo profissional quer sentir que seu esforço faz diferença e é visto pelos líderes. Quando a dedicação diária passa despercebida, sem feedbacks positivos ou oportunidades de crescimento, a tendência é que a motivação entre em declínio. Com o colaborador frustrado, faltas e atrasos no trabalho podem começar a aparecer com mais frequência, mesmo que isso ocorra de forma inconsciente. Pequenos gestos, como elogios públicos, programas de incentivo ou planos de carreira bem estruturados, ajudam a virar o jogo.
O que o RH na hotelaria pode fazer para ajudar?

Em linhas gerais, compete ao RH olhar para a assiduidade (ou para a falta dela, no caso) e transformá-la em insights que ajudem a melhorar a gestão. A recomendação é procurar por padrões: se um setor específico acumula atrasos ou se índices de absenteísmo crescem apenas em determinados turnos, isso pode sinalizar que a carga de trabalho está desbalanceada e que as escalas estão pedindo por ajustes, por exemplo.
Apesar de essa análise ser uma ótima iniciativa – tremendamente melhor do que simplesmente fazer os funcionários ficarem até mais tarde ou entrarem mais cedo para compensar o tempo perdido –, ela ganha força e fôlego quando vem acompanhada de escuta ativa. Por isso, realizar pesquisas de clima, conversar abertamente com as equipes e implementar canais de feedback são opções excelentes para entender o ponto de vista dos colaboradores e rever processos, ajustando-os sempre que possível.
“Virar a chave” é algo que dificilmente vai acontecer de um dia para o outro, mas demonstrar cuidado real com quem faz a hotelaria acontecer todos os dias reduz o turnover, fortalece a qualidade do serviço oferecido e consolida o empreendimento como um empregador desejado no mercado.
E por aí, como o hotel tem lidado com faltas e atrasos no trabalho? Só no campo da cobrança ou investigando o que está nas entrelinhas? Conte pra nós nos comentários! Aproveite também e assine já o Portal do Hoteleiro. Nossos materiais exclusivos colocam você um passo à frente da concorrência!