*Artigo assinado por Clovis Casemiro, gerente de Desenvolvimento de Membros na Associação Internacional de Turismo LGBT+ (IGLTA) e um dos grandes incentivadores brasileiros da diversidade, equidade e inclusão no turismo*
Celebrar os 75 anos da ABIH-SP é mais do que reverenciar uma trajetória de sucesso; é reconhecer o papel transformador que o setor hoteleiro e turístico pode — e deve — desempenhar na construção de um mundo mais justo, plural e acolhedor. Neste Mês do Orgulho LGBTQIA+, somos chamados a olhar com sensibilidade e coragem para o compromisso inadiável com a diversidade e a inclusão em todos os níveis das nossas organizações.
Minha vivência de mais de 45 anos no turismo, sendo mais de 25 dedicados a trazer a importância do turismo LGBT+ para o Brasil, é uma jornada marcada por desafios, conquistas e, acima de tudo, esperança. O turismo LGBT+ foi a porta que se abriu para que o tema da diversidade e inclusão (D&I) ganhasse voz, força e legitimidade no setor turístico brasileiro. Foi por meio dessa abertura que muitos outros segmentos encontraram espaço para florescer: o afroturismo, o turismo para pessoas com deficiência, o público 60+, entre tantos outros.
Fomos pioneiros, e essa vanguarda nos ensinou uma lição poderosa: respeito é a chave que abre todas as portas. Foi com esse entendimento que redes hoteleiras globais como Accor, Hilton, Hyatt e Belmond trilharam caminhos de sucesso, acolhendo a diversidade como um valor essencial, transformando seus ambientes de trabalho e atendimento e criando experiências que vão além do serviço — experiências que tocam, que acolhem, que fazem com que cada hóspede se sinta, de fato, em casa.
O turismo LGBT+ como potência transformadora de diversidade e inclusão

Ao longo dessas décadas, sempre defendi que o turismo LGBT+ é muito mais do que um segmento de mercado: é uma potência transformadora. Ele impulsiona a economia, estimula o empreendedorismo e cria oportunidades concretas de empregabilidade para pessoas LGBT+, que muitas vezes encontram na hotelaria um espaço seguro para desenvolver suas carreiras e empreender com liberdade e criatividade.
Essa transformação não acontece apenas nas cifras, mas, sobretudo, nas mentalidades. Quando um hotel acolhe um casal LGBT+ com naturalidade, quando respeita o nome e a identidade de uma pessoa trans, quando celebra a diversidade de famílias que hoje viajam pelo mundo, ele está não apenas prestando um serviço — está promovendo um ato de respeito, de humanidade, de evolução.
Enfrentar o preconceito: um dever inadiável

Entretanto, não podemos romantizar esse processo. Ainda há um caminho importante a ser percorrido. O preconceito, muitas vezes velado, ainda persiste e impede que a nossa hotelaria alcance todo o seu potencial. Falar sobre preconceito é um ato de coragem e de responsabilidade. Só assim conseguiremos superá-lo e garantir que todos os clientes LGBT+ sejam acolhidos com dignidade e segurança.
Nesse contexto, as legislações que criminalizam a LGBTfobia no Brasil são marcos fundamentais, assim como o reconhecimento de direitos como o casamento, a adoção, a retificação de nome e gênero em documentos.
Esses avanços não são apenas conquistas jurídicas; são afirmações da nossa humanidade. E é fundamental que o setor de turismo e hotelaria compreenda a importância dessas questões para oferecer uma experiência inclusiva, respeitosa e completa às famílias LGBT+, que hoje viajam, criam memórias e celebram o amor como qualquer outra.
O futuro da hotelaria brasileira: plural, inclusivo, humano

O futuro da hotelaria brasileira será grandioso, desde que sejamos capazes de deixar para trás velhos preconceitos e paradigmas ultrapassados. O mundo mudou, nossos clientes mudaram, nossas equipes mudaram. O que não pode mudar é o compromisso com a hospitalidade, com o acolhimento, com a celebração da diversidade humana em toda a sua plenitude.
Neste Mês do Orgulho, desejo que possamos não apenas celebrar as conquistas, mas também renovar nossa missão: fazer da hotelaria brasileira uma referência mundial de inclusão, de respeito e de empatia. Que cada recepcionista, cada gerente, cada executivo do setor saiba que, ao acolher com respeito, está ajudando a construir uma sociedade mais justa.
O turismo LGBT+ abriu as portas. Cabe agora a todos nós mantê-las escancaradas para que a diversidade continue a entrar, a florescer e a transformar. A celebração dos 75 anos da ABIH-SP é, portanto, também a celebração da nossa capacidade de evoluir, de sermos melhores, de sermos, juntos, um exemplo de que a diversidade não é apenas bem-vinda: ela é essencial, ela é vida, ela é o futuro.
Dica do Portal do Hoteleiro: investir em pessoas é investir na inclusão
Como o nosso ilustre convidado, Clovis Casemiro, bem disse em seu artigo, se tem uma coisa que deve permanecer imutável entre os empreendimentos hoteleiros é o compromisso com a hospitalidade – ele deve ser reforçado e aperfeiçoado, mas jamais deixado de lado.
Independentemente do porte ou da categoria do hotel, a experiência do cliente começa muito antes do check-in, ganhando forma durante o atendimento inicial e se estendendo até depois do checkout. Por isso, nada supera ter uma equipe capaz de causar uma ótima primeira impressão, que entenda que diversidade e inclusão são mais do que ideias que ficam bem no papel e que saiba lidar com o público de forma cativante e respeitosa, conquistando sua satisfação em qualquer situação que se apresente.
Portanto, vale a pena apostar no curso “Reservas e Recepção”, promovido pela Escola para Resultados (EPR) na modalidade EAD (ensino a distância). O curso, assim como diversos outros da EPR, está com desconto exclusivo de 30% para todos os assinantes do Portal do Hoteleiro até 11/11/2025, sabia? Para aproveitar, basta clicar aqui e se tornar assinante. Tem muito conteúdo valioso esperando por você, a exemplo dos detalhados relatórios mensais da ABIH-SP sobre o desempenho da hotelaria do estado de São Paulo. Não vai querer ficar de fora, né?