quarta-feira, 12 novembro,2025
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Do check-in à conexão: o que realmente é atendimento personalizado em hotéis

O hóspede chega cansado de viagem. Faz o check-in, pega a chave da acomodação, abre a porta e, para sua surpresa, percebe que tudo ali é familiar: o perfume que paira suave, a música certa preenchendo o espaço, as flores favoritas sobre a mesa, a temperatura perfeita. Você diria que esse é mais um exemplo de luxo restrito aos empreendimentos cinco-estrelas? Que nada. É o atendimento personalizado em hotéis dando as cartas e inaugurando um patamar mais elevado de acolhimento.

Personalizar é mais do que chamar o cliente pelo nome ou deixar uma cartinha de boas-vindas em seu quarto. É o ato de enxergar o indivíduo que está por trás da reserva, reconhecendo-o como alguém que gosta de café forte, de travesseiros firmes e que prefere um bom edredom a um cobertor felpudo. E essa prática não tem nada de utópica: ela é o resultado da integração entre coleta e análise de dados, automação e sensibilidade humana.

Dados & tecnologia: a dupla que faz a mágica acontecer

Hoje, descobrir o que faz o hóspede feliz não exige bola de cristal; exige tecnologia. Tudo começa com a implantação e o uso inteligente de um sistema de Customer Relationship Management (CRM), que armazena informações sobre estadas anteriores, feedbacks e padrões de comportamento de cada pessoa que passa pelo empreendimento.

Os dados podem ser inseridos manualmente pela equipe da recepção, com base em tudo o que é observado durante a estada, ou alimentados automaticamente, por meio da integração com diferentes pontos de contato com o hóspede. Isso inclui o aplicativo do hotel (especialmente se der para definir ali preferências de quarto, horário de limpeza e o tipo de travesseiro desejado, por exemplo), pesquisas pós-estada, interações em chatbots e até sensores de IoT instalados nos quartos.

Se você não sabe muito bem o que significa IoT, agora é a hora de aprender. Essa é a sigla para Internet of Things (Internet das Coisas, em português), um conceito que se refere a dispositivos que fazem parte do nosso dia a dia e se conectam à internet, trocando dados em tempo real. Esse é o caso de assistentes virtuais como a Alexa, lâmpadas acionadas por apps ou comandos de voz, cortinas automáticas e termostatos inteligentes.

Render-se às vantagens da IoT na hotelaria é uma dica essencial de como melhorar a experiência do hóspede, já que cada estada traz consigo uma infinidade de dados novos que revelam o que aquele cliente procura e o que contribui para o seu bem-estar, algo que pode ser interpretado por meio de seus ajustes na iluminação, temperatura do ar-condicionado e horários de abertura e fechamento das cortinas. É quase como se o empreendimento tivesse um dossiê de todos os clientes que recebe atualizações constantes – e, verdade seja dita, é um pecado capital não fazer uso desses dados.

CRM + PMS + automação = operação sem ruídos

Uma mão toca uma tela sensível (tablet) montada na parede, que exibe controles de automação para um quarto de hotel ou "smart home" (casa inteligente). A tela mostra configurações como horário, temperatura e uma lista de dias da semana com caixas de seleção. O fundo está desfocado e sugere o interior de um quarto moderno.
Um dos segredos para melhorar a experiência do hóspede é investir em recursos de automação e tecnologia nas acomodações | Crédito: Freepik

Tudo muito legal na teoria, né? Porém, para que isso funcione de forma harmônica, é fundamental que o PMS (Property Management System) do hotel esteja integrado ao CRM e ao sistema de automação. Essa conexão garante que as informações circulem com fluidez entre os diferentes setores – recepção, governança, manutenção e mesmo A&B –, permitindo que cada área antecipe as necessidades do hóspede sem depender de repasses manuais.

É essa integração que transforma dados dispersos em ações concretas, como ajustar o quarto antes da chegada, avisar o restaurante sobre restrições alimentares ou preparar o checkout expresso conforme o perfil do cliente. Em outras palavras, o PMS é o elo que une a inteligência do sistema à experiência humana, dando vida ao verdadeiro atendimento personalizado em hotéis.

Quer um exemplo de como essa integração funciona? Pois imagine que o hotel utiliza frigobares equipados com sensores IoT, que reconhecem quando um item específico é retirado. Esses sensores enviam o dado ao sistema de automação, o qual, por sua vez, sinaliza ao PMS que houve um consumo, inserindo-o no extrato da hospedagem.

E onde o CRM se encaixa nisso tudo? Embora ele não emita faturas e nem faça nenhum tipo de cobrança, essa informação é extremamente valiosa porque representa um aprendizado extra sobre o hóspede – o que, no fim das contas, pode gerar mais receita. Afinal, se o hotel sabe que determinado cliente costuma se servir de vinho branco e snacks saudáveis no decorrer da estada, não há nada mais estratégico do que assegurar que, em uma próxima visita, o frigobar seja abastecido exatamente com aquilo que ele gosta.

Virada de chave: a recepção como guardiã da hospitalidade

Nesse cenário marcado pelo uso crescente da tecnologia, o papel da recepção mudou. Como, atualmente, parte das atividades da equipe pode ser automatizada, sua atuação deixa de ser estritamente operacional e passa a ser relacional. Ao avaliar as preferências que o hóspede assinalou no check-in online ou as informações que o sistema já reuniu sobre ele, o recepcionista ganha poder de ação, ampliando sua capacidade de fazer recomendações customizadas e de criar conexões genuínas, ancoradas em dados reais.

Quando o sistema faz o trabalho de bastidor, o time tem mais tempo para se dedicar àquilo que mais importa ao empreendimento: como melhorar a experiência do hóspede. Inovação nenhuma substitui o contato humano – e é a recepção que dá o toque final a todo esse ecossistema de dados.

Como oferecer atendimento personalizado em hotéis em 4 passos

1. Mapeie preferências desde o primeiro contato

Um homem jovem e sorridente, sentado em um sofá com um laptop no colo, aponta o dedo indicador para a tela escura e em branco de um smartphone que ele segura na frente. A imagem foca no celular, enquanto, desfocadas, estão uma mala amarela e uma câmera de fotos ao seu lado direito.
Toda interação com o cliente pode render dados que ajudem a customizar sua hospedagem. Portanto, para que o atendimento personalizado em hotéis seja uma realidade, é preciso ter uma equipe que use esses pontos de contato com inteligência e estratégia | Crédito: Freepik

Não é preciso esperar o hóspede passar pela porta de entrada arrastando sua mala para começar a conhecê-lo. Formulários de pré-check-in, conversas pelo WhatsApp e mensagens automáticas no app do hotel podem ser ótimos aliados para obter informações sobre gostos e expectativas. Fazer as perguntas certas ajuda bastante – se há preferência por ficar em algum andar específico, existência de restrições alimentares, bebida de boas-vindas mais adequada – e prepara a equipe para um atendimento certeiro. Lembre-se: quanto mais natural e empático for esse processo, mais espontâneas serão as respostas.

2. Certifique-se de que todos os sistemas estão conectados

De nada adianta ter um mar de informações se cada sistema fala uma língua diferente, né? O verdadeiro segredo está em fazer CRM, PMS e automação conversarem entre si. Quando essa integração acontece, a operação flui: se o hóspede ajusta a temperatura pelo app, o sistema comunica a governança ou o controle de climatização sem que ninguém precise intervir. O resultado? Menos ruído, menos retrabalho e uma recepção com visão 360° do hóspede, exatamente o que torna o atendimento mais ágil, eficiente e personalizado.

3. Use os dados para surpreender, não para invadir

Uma pessoa, vestindo um blazer escuro, segura um smartphone em primeiro plano, com as mãos sobre a tela. O celular exibe um aplicativo com a palavra "AUTHORIZE" (Autorizar) em neon turquesa e um grande ícone de escudo (símbolo de segurança e proteção de dados) na cor verde. Ao fundo, uma mesa de trabalho com teclado e monitor.
Embora a tecnologia facilite a coleta de dados, é primordial que o cliente saiba quais informações são armazenadas, como são coletadas e por que são importantes, dando (ou não) sua autorização para que o empreendimento as utilize no futuro | Crédito: Freepik

Ter uma visão detalhada de cada pessoa que se hospeda no empreendimento, estreitando o relacionamento e proporcionando uma estada diferenciada de verdade, é uma decisão que faz muito bem para os negócios, isso é fato. Entretanto, é necessário atentar para não ultrapassar limites.

O atendimento personalizado em hotéis não pode ser sinônimo de invasão à privacidade e de desrespeito à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). O hóspede não só precisa saber que o hotel armazena suas preferências, como conceder sua autorização para que essas informações sejam utilizadas. Além de ser uma exigência legal, a transparência é, também, uma forma de confiança.

4. Capacite a equipe para dar vida à personalização

O objetivo da recepção é transformar os dados coletados em gestos concretos de hospitalidade, e isso só acontece quando a equipe entende o valor de cada informação que tem em mãos. Capacitar o time vai muito além de ensinar a usar um software: é prepará-lo para interpretar os dados e agir com propósito.

Treinamentos regulares ajudam os colaboradores a desenvolver escuta ativa, empatia e repertório para lidar com diferentes perfis de hóspedes. A tecnologia fornece as pistas; o time da recepção é quem escreve a história. E, quando cada interação é guiada por atenção genuína e inteligência emocional, o hóspede sente que está sendo cuidado, não apenas atendido. É aí que a personalização deixa de ser uma estratégia e se torna parte viva da cultura do hotel.

Para fechar com chave de ouro, uma dica também de ouro

Uma recepcionista de hotel sorridente, vestindo um blazer preto e camisa branca com um crachá dourado, estende a mão para entregar um cartão-chave (key card) no balcão de check-in. O balcão é de madeira escura e, à esquerda, há um pequeno sino de recepção prateado. O fundo é um painel de madeira escura com ranhuras horizontais.
A recepção ocupa um espaço central na era de atendimento personalizado em hotéis, pois consegue equilibrar o uso da tecnologia com a construção de relações genuínas com o cliente | Crédito: Freepik

Não existe nenhuma receita que ensine, passo a passo, como melhorar a experiência do hóspede. O que existe é um conjunto de boas práticas, ferramentas certas e, principalmente, profissionais qualificados para transformar tecnologia em acolhimento.

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Bruna Dinardi
Author: Bruna Dinardi