Modernização hoteleira não é só um nome bonito para a atualização de equipamentos em hotéis e pousadas. Trata-se de um processo que envolve administração estratégica de recursos, aprimoramento da eficiência operacional e um baita upgrade na experiência do hóspede, impactando (e beneficiando) diretamente a competitividade do negócio.
É exatamente essa, aliás, a proposta do Programa Retrofit Tecnológico de Hotéis, uma iniciativa da ABIH-SP que visa incentivar meios de hospedagem de todo o país a identificar pontos de melhoria em sua infraestrutura. Em troca, uma equipe especializada oferece soluções personalizadas em automação, conectividade e sustentabilidade.
Soa atrativo, né? A gente sabe. Para participar do Programa é fácil, fácil: basta preencher um formulário e fornecer dados básicos, sinalizando em quais áreas o retrofit é necessário. Entre elas estão:
- apartamentos;
- áreas comuns e espaços de eventos;
- sistemas de energia, gás, água e utilidades em geral.
Com base nessas informações, o time de consultores do Programa sugere alguns caminhos – os quais, vale dizer, muitas vezes nem sequer exigem grandes obras, mesmo sendo fundamentais para equilibrar inovação na hotelaria e gestão inteligente de hotéis.
Nós batemos um papo com os quatro primeiros hoteleiros que preencheram o formulário e encontramos não apenas profissionais diferentes, como também empreendimentos de perfis e portes totalmente distintos. Reconhecendo suas prioridades e desafios, eles apresentaram perspectivas únicas sobre gestão, tecnologia e eficiência, comprovando que o retrofit pode fazer a diferença em qualquer hotel. Continue aí, porque os insights que eles trouxeram podem inspirar uma série de decisões para você incorporar ao seu negócio!
Ilhabela: sustentabilidade e controle de custos

Alexandre Barbosa é engenheiro e proprietário da Pousada Canoa Caiçara, em Ilhabela (SP), empreendimento que comanda ao lado da esposa e que está em operação desde 2018. Como entusiasta da tecnologia, gosta de se destacar da concorrência e, por isso, vê com bons olhos a modernização hoteleira. São 16 apartamentos no total e um projeto de expansão.
- Perfil do hóspede: casais, sem pet, vindos principalmente da capital paulista e do Vale do Paraíba.
- Prioridades: reduzir custos por meio do reuso da água, implementação de controle de energia nos apartamentos e instalação de poço artesiano. Já utiliza placa solar.
- Diferenciais competitivos: atendimento, limpeza, espaço considerado bonito e avaliações positivas no Google e em plataformas de OTAs.
- Como o Programa Retrofit pode ajudar: identificação de quais investimentos têm potencial para trazer mais retorno, considerando que Ilhabela atrai hóspedes conscientes e atentos à sustentabilidade, mas que procuram por preço.
Campinas: modernização com visão estratégica

Com mais de 25 anos de experiência em grandes redes, Walllace C. A. Gobbo lidera o Hotel Nova Odessa, na Região Metropolitana de Campinas (SP). Devido à sua trajetória sólida em gestão, marketing e desenvolvimento de projetos, destaca-se pela visão estratégica. Somando 20 acomodações, seu empreendimento tem perfil corporativo, apesar de contar com área verde e boas opções de lazer.
- Perfil do hóspede: viajantes a trabalho, responsáveis por manter a taxa média de ocupação em 80% ao longo do ano.
- Prioridades: no momento, dispõe de orçamento de R$ 40 mil para atender às demandas do Corpo de Bombeiros e zelar pelo cumprimento das exigências legais de segurança contra incêndio. Além disso, tem área para construir mais acomodações ou, então, para estruturar um restaurante.
- Diferenciais competitivos: uso de energia fotovoltaica e de painéis de automação na piscina (incluindo ofurô), com horários pré-programados para ligar e desligar. Outros pontos fortes: o estilo de atendimento oferecido, que assemelha o empreendimento a uma pousada, e o fato de que mantém as melhores avaliações por trabalhar com tarifas sempre menores que as praticadas pela concorrência.
- Como o Programa Retrofit pode ajudar: Gobbo reconhece que o hotel está com “cara de velho” e que precisa tomar algumas decisões cruciais. Uma delas é definir o que fazer com as fechaduras dos quartos: embora sejam modernas, costumam dar problema e a região não oferece manutenção, o que o faz cogitar voltar para as fechaduras tradicionais. Ele também tem interesse em obter linha de crédito, vantagem que o Programa consegue facilitar por meio de parcerias estratégicas que permitem que o hotel efetue o pagamento do projeto à medida que obtiver retorno sobre o investimento.
Aparecida do Norte: eficiência e preservação do patrimônio

Aureliano Benedito dos Santos começou cedo no turismo: aos 8 anos já ajudava o pai e se dedicava a aprender sobre a área de governança. Dez anos depois, aos 18, abriu a própria empresa e passou a gerenciar o Eldorado Palace Hotel, um dos cinco hotéis da família em Aparecida do Norte (SP) – o empreendimento é administrado também por um sócio. Os 350 leitos, distribuídos em 120 acomodações, exibem média de ocupação de 70%.
- Perfil do hóspede: grupos familiares de baixa renda, atraídos pelo turismo religioso.
- Prioridades: investir no patrimônio. Um ano atrás foi realizada uma reforma em vários apartamentos, mas há outras áreas que pedem por uma revitalização. O objetivo é modernizar para conseguir reduzir custos.
- Diferenciais competitivos: demanda estável. Apenas nos meses de fevereiro, março, abril e maio o movimento é menor, já que este período corresponde à baixa temporada.
- Como o Programa Retrofit pode ajudar: mapeamento de áreas que valorizem e preservem o patrimônio e planejamento de investimentos que tragam inovação – respeitando o perfil do público e a dinâmica local, é claro. De acordo com Santos, aumentar o conforto não necessariamente refletirá em um aumento da procura: é necessário que a iniciativa privada, juntamente com a prefeitura da cidade e o Santuário Nacional de Aparecida, promova eventos e atrativos para estimular a demanda pelo destino.
Ribeirão Preto: automação e racionalização de recursos

Trazendo no currículo três décadas de experiência no setor, Gunnar Georgi já foi gerente, gerente-geral e passou por todas as esferas da gestão hoteleira – administrativa, operacional e comercial – até dar início a serviços de consultoria para empreendimentos de todo o país. Sua expertise chamou a atenção da Nacional Inn, a maior rede hoteleira independente do Brasil. Hoje, ele atende 12 dos 85 empreendimentos da regional de Ribeirão Preto (SP). No momento, o intuito é modernizar o Dan Inn Ribeirão Preto, cuja estrutura contempla 150 apartamentos.
- Perfil do hóspede: atende muito bem viajantes a lazer e a negócios, mas o predomínio é de hóspedes corporativos.
- Prioridades: identificar automações e processos que ainda não são utilizados e que podem ser incorporados com baixo custo.
- Diferenciais competitivos: disponibiliza quatro categorias de acomodações (Standard, Superior, Luxo e Suíte Executiva), salas de eventos, piscina ao ar livre, academia, sauna, restaurante, bar, wi-fi em todas as áreas, estacionamento rotativo, recepção 24 horas e serviço de lavanderia. De quebra, desfruta de localização privilegiada: fica perto do centro da cidade, a cerca de 10 minutos de carro da rodoviária e a 500 metros do Shopping Santa Úrsula.
- Como o Programa Retrofit pode ajudar: sugestões de automação de processos, levando em conta a máxima “modernizar e racionalizar custos” para deixar o hotel mais atrativo e mais rentável em longo prazo.
O valor estratégico do retrofit para a modernização hoteleira
Esses quatro relatos mostram que a modernização hoteleira pode assumir diferentes formatos, mas sempre traz ganhos consistentes. Ao unir inovação na hotelaria com gestão inteligente de hotéis, o Programa Retrofit ajuda empreendimentos a dar um passo além: eleva a diária média, fortalece a fidelização dos hóspedes e amplia a eficiência operacional, garantindo mais competitividade de forma sustentável.
Participe você também! Clique aqui e preencha o formulário. Mesmo que não implemente mudanças de imediato, você terá em mãos um mapa estratégico das oportunidades de modernização, pronto para orientar futuras decisões.
Quais seriam suas prioridades em um eventual retrofit, hein? Por quê? Conte nos comentários!