O jogo mudou para os restaurantes de hotéis – e mudou para melhor. Depois de anos desempenhando um papel importante, porém coadjuvante, na indústria hoteleira, hoje em dia tem muita gente decidindo para onde ir com base no que a gastronomia do lugar tem a oferecer. Parte disso é atribuído ao crescimento do chamado “hotel dining”, a tendência que vem transformando o modo como os restaurantes são percebidos.
Não se trata mais de sentar-se à mesa, escolher algo do cardápio e enxergar os restaurantes de hotéis apenas como uma conveniência ou comodidade extra para o hóspede. Agora, existe um interesse legítimo tão acentuado por comer e beber bem que ele é capaz de interferir nos planos de viagem e de chamar a atenção até mesmo de quem já mora no destino.
Os dados comprovam: os restaurantes de hotéis estão no centro das atenções

Quem diz isso não somos nós, não! Esses dados são corroborados por um levantamento recente, voltado ao mercado norte-americano. Enquanto o OpenTable (serviço de reserva de mesas disponível em vários países) sinaliza que restaurantes de hotéis, especificamente, são procurados por 60% dos usuários, o KAYAK (plataforma de busca e comparação de viagens) vê um aumento de 51% por ano no uso do filtro “restaurante” dentro da procura por hospedagem.
E não é só isso. Há pelo menos quatro outros insights desse estudo que reiteram o poder da boa mesa:
- 47% dos norte-americanos afirmaram já terem feito uma viagem para visitar um restaurante;
- 73% se mostraram dispostos a voltar a um hotel devido a uma experiência gastronômica positiva no local;
- 38% escolheram se hospedar em um hotel por conta de seu restaurante;
- 45% admitiram compartilhar nas redes sociais mais posts relacionados à comida do que paisagens ou visitas a monumentos.
No Brasil, já é possível perceber esse movimento vinculado ao hotel dining. Redes hoteleiras do porte da Hyatt estão mexendo os pauzinhos para atender hóspedes e não hóspedes famintos por experiências culinárias diferenciadas. O Grand Hyatt São Paulo, por exemplo, investiu recentemente R$ 40 milhões em reformas e na inauguração de três opções gastronômicas. Ao mesmo tempo em que os novos estabelecimentos complementam a estada, eles visam tornar o empreendimento um point para quem mora na capital paulista e quer sair da rotina.
As cifras elevadas e a mudança de comportamento dos consumidores comprovam que o turismo gastronômico está bem longe de ser um fenômeno passageiro. Ainda bem, porque seu potencial econômico é enorme: de acordo com a Grand View Research, empresa americana que produz relatórios de inteligência de mercado, até 2030 o turismo culinário global deve crescer quase 20% ao ano, movimentando cerca de US$ 40,53 bilhões. Impressionante, né?
4 motivos que explicam por que o hotel dining está em alta
1. A comida oferece uma conexão interessante com o destino
Parafraseando a jornalista Daniela Filomena, apresentadora do programa CNN Viagem & Gastronomia, “as melhores memórias de uma viagem quase sempre acontecem em torno da mesa. Uma refeição, um vinho compartilhado, um prato descoberto. A gastronomia é o fio condutor dessas experiências”. Isso quer dizer que a nova geração de turistas não tem interesse apenas em visitar um lugar diferente; o que eles realmente querem é saborear o destino e conhecer sua história por meio de ingredientes e iguarias locais.
2. Os restaurantes estão mais focados em atender todo mundo com excelência

A ascensão das culinárias vegetariana e vegana, por exemplo, está se entrelaçando cada vez mais ao menu dos restaurantes de hotéis, tornando-os mais e mais aptos a proporcionar uma experiência prazerosa e inclusiva. Estabelecimentos que ainda estiverem reticentes a dar esse passo vão perder espaço rapidamente.
Conforme um artigo publicado pela EHL Insights, referência em insights práticos sobre os universos da hospitalidade, negócios e educação, 85% dos consumidores afirmam ter incorporado hábitos mais sustentáveis por sentirem os efeitos das mudanças climáticas no cotidiano – e isso se reflete na maneira como essas pessoas estão se alimentando, a exemplo da demanda crescente por opções à base de plantas.
3. Chefs renomados e ambientes descolados elevam o padrão – e atraem mais gente
A fim de ganhar independência do hotel e conquistar visibilidade por seus próprios méritos, alguns restaurantes estão optando por investir em parcerias com chefs premiados ou figuras conhecidas no cenário gastronômico. Isso adiciona uma nova camada de valor à marca e gera um buzz positivo em torno do estabelecimento, atraindo público e mídia. Afinal, quem não tem curiosidade em almoçar ou jantar em um lugar que está sempre lotado e com filas de espera dignas de uma casa com estrela Michelin?
Além disso, muito da força do hotel dining vem do design e da ambientação inovadores, aspectos que permitem que o restaurante se distancie da estética “corporativa” e abrace uma decoração instagramável e diferenciada. Quando combinados, esses fatores contribuem para que o restaurante alavanque a imagem do hotel – e não o contrário.
4. Os restaurantes de hotéis deixaram de ser exclusivos para hóspedes

Um dos caminhos para aumentar a receita dos restaurantes de hotéis é não restringir o serviço a quem está hospedado ali. Muitos lugares nem têm essa restrição, mas, até pouco tempo atrás, parecia haver uma linha invisível delimitando os espaços exclusivos para turistas e os que são acessíveis para a população como um todo.
Isso parece ter ficado para trás (felizmente!). Um dos motivos pelos quais o hotel dining se transformou em uma tendência tem a ver com o fato de que o público geral – isto é, as pessoas que moram na cidade e não estão ali só de passagem – começou a frequentar esses ambientes, interessado em seus cardápios criativos, gastronomia de alto padrão, bares cheios de personalidade e eventos sazonais. Para os restaurantes esse é o melhor dos mundos, é claro, já que assegura movimento o ano inteiro, independentemente da taxa de ocupação.
Hotel dining: mais do que comida, uma experiência
Se a gente tivesse que resumir este post em uma frase só, poderíamos muito bem dizer que, atualmente, os restaurantes, de modo geral, se tornaram o destino e a gastronomia ganhou ares de ponto turístico. Como o próprio artigo da EHL Insights destaca, “a mudança é a única constante no setor de hospitalidade”. Cabe, então, aos empreendimentos hoteleiros e aos demais players do setor dançarem conforme a música para não ficarem para trás.
Considerando que a área de A&B é tão vasta quanto apaixonante, nunca é demais aprimorar o conhecimento ou rever coisas que foram aprendidas lá atrás. Por isso, deixamos aqui duas dicas de cursos: “Do salão ao sucesso: tudo que você precisa saber para trabalhar num restaurante” e “Gestão da reputação para hotéis e restaurantes”. Ambos estão disponíveis na plataforma da Escola para Resultados e com descontos de 30% para assinantes do Portal do Hoteleiro. Caso você ainda não seja assinante, é só clicar aqui para aproveitar esse superbenefício!
Agora vem a parte que a gente mais gosta: ouvir o que você tem a dizer. O que você acha do hotel dining? Consegue vislumbrar essa tendência tomando forma aí no empreendimento em que você trabalha? Você já teve alguma experiência marcante em um restaurante de hotel? Conte tudo pra gente nos comentários!